Setembro Amarelo: além do post bonito, sua empresa combate o assédio ou contribui para o adoecimento e o suicídio?
- Iara Cerqueira
- 2 de set.
- 3 min de leitura
O Setembro Amarelo é uma campanha internacional dedicada à conscientização e prevenção do suicídio, além da promoção da saúde mental.

Oficialmente, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma data criada em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a iniciativa se estende por todo o mês de setembro e durante todo o ano, sendo considerada atualmente a maior campanha anti-estigma do mundo.
No Brasil, a campanha Setembro Amarelo® ganhou notoriedade em 2013, com a atuação de Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Desde 2014, a ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), tem sido responsável pela divulgação e expansão da campanha em todo o país. O Centro de Valorização da Vida (CVV) também é um dos idealizadores da campanha no Brasil.
A campanha enfatiza a importância de falar sobre o suicídio, que ainda é visto como um tabu, para que as pessoas que enfrentam momentos de dificuldade e crise busquem ajuda e compreendam que a vida é sempre a melhor escolha. Em 2024, o lema do Setembro Amarelo é “Se precisar, peça ajuda!”.
Setembro Amarelo além do post bonito
Este Setembro Amarelo, é crucial ir além das conversas superficiais e reconhecer uma das maiores ameaças à saúde mental no ambiente de trabalho: o assédio. A campanha, focada na prevenção do suicídio, nos lembra que a violência no trabalho, especialmente o assédio moral e sexual, pode levar ao adoecimento profundo, angústia, e, em casos extremos, a pensamentos e tentativas de suicídio.
O assédio adoece toda a sociedade. É uma conduta abusiva e reiterada – por gestos, palavras ou atitudes – que atenta contra a dignidade, a autoestima e a integridade psíquica ou física de uma pessoa, desestabilizando-a emocionalmente e degradando o ambiente de trabalho. Seus impactos na saúde incluem estresse exacerbado, síndrome de Burnout (com 52% das mulheres em estágio avançado relatando esgotamento), depressão, ansiedade, insônia, isolamento, e até alterações físicas.
Grupos historicamente discriminados são as principais vítimas. Mulheres, especialmente por questões como gravidez, amamentação e responsabilidades familiares, têm até 67% mais chances de desenvolver quadros severos de Burnout, sendo que 73% delas convivem com o preconceito de gênero no trabalho. Pessoas negras, com deficiência e LGBTQIAPN+ também são alvos preferenciais de assédio, que se soma à discriminação que já enfrentam.
O combate ao assédio é um dever e uma responsabilidade coletiva. Diversas instituições, como o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disponibilizam cartilhas e políticas para orientar sobre prevenção e enfrentamento. Normas internacionais, como a Convenção 190 da OIT, asseguram o direito a um ambiente de trabalho livre de violência e assédio. No Brasil, leis como a Lei Emprega + Mulheres (14.457/2022) tornam obrigatório o combate ao assédio nas organizações, com a inclusão do tema nas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPAs).
O que você pode fazer?:
Se você for vítima:
Documente tudo: Anote detalhes, datas, horários, locais, agressores, testemunhas, e o conteúdo das conversas. Guarde provas como e-mails, mensagens, bilhetes e, se possível, gravações de áudio/vídeo (que são meios de prova lícitos, mesmo sem o conhecimento do agressor).
Não se culpe: A conduta abusiva não é responsabilidade da vítima.
Busque apoio: Converse com colegas, familiares, amigos e procure assistência psicológica.
Denuncie: Utilize os canais internos da empresa (ouvidoria, RH, comitês de ética, CIPA, SESMT), sindicatos, Ministério Público do Trabalho (MPT), Centros de Referência de Saúde do Trabalhador (CERESTs) ou o DISQUE 100.
Se você testemunhar uma conduta violenta no trabalho:
Seja solidário: Ofereça apoio à vítima e disponibilize-se como testemunha. O medo do agressor é real, mas seu silêncio o fortalece.
Comunique: Leve a situação ao setor responsável ou ao superior hierárquico do assediador.
Empresas e órgãos públicos tem obrigação de investir em prevenção, apurar e punir para mudar a cultura institucional e atuar como medida preventiva.
Neste Setembro Amarelo, reafirmamos: o cuidado com a saúde mental exige o fim da violência no trabalho. Juntos, podemos construir ambientes de trabalho seguros, inclusivos e respeitosos, onde a dignidade de cada pessoa seja valorizada e protegida.
A luta contra o assédio é um compromisso de todos nós. Juntos, podemos construir um futuro onde a saúde mental e a dignidade no trabalho sejam prioridades, não exceções.




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